Notícia enviada pelo Prof. Dr. José Ribas Vieira
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Folha de São Paulo 9 de maio de 2011
ENSINO SUPERIOR
Sem fronteiras
As iniciativas e os obstáculos de instituições brasileiras frente à
internacionalização
ÉRICA FRAGA
SABINE RIGHETTI
DE SÃO PAULO
Internacionalizar e, ao mesmo tempo, conseguir manter e formar os melhores
cérebros é o grande desafio do ensino superior atual. No mercado global é
assim. No Brasil não é diferente.
Aqui, essa internacionalização -medida principalmente pelo número de
alunos e professores estrangeiros e pela existência de projetos acadêmicos
bi ou multinacionais- tem dado seus primeiros passos alimentada pela maior
agressividade das faculdades privadas.
Entre as razões para a "caça" de acadêmicos no exterior está trazer
especialistas em áreas nas quais há carência no país. E, é claro,
concorrer no "mercado" de alunos, que são atraídos pelo apelo de estudar
com "stars".
"Um país é "player" importante quando tem universidades influentes no
mundo", explica Leandro Tessler, coordenador de relações internacionais da
Unicamp.
Para ele, os estudantes têm uma melhor formação se estiverem num ambiente
globalizado, ou seja, em contato com ideias e práticas vindas de outros
países.
Oscar Vilhena, recém empossado diretor da faculdade de direito da FGV,
destaca a demanda por profissionais mais qualificados. "O advogado deve
funcionar em uma outra língua e entender a cultura jurídica de outro
país."
Cerca de 15% do corpo docente do Ibmec é composto por estrangeiros,
segundo Vandyck Silveira, diretor-presidente do instituto. "Perseguir
excelência envolve também buscar profissionais no exterior", diz.
Segundo Rinaldo Artes, diretor do Insper, representantes do instituto
participam de eventos de recrutamento no exterior na busca por potenciais
contratados.
Mas há também o movimento contrário, de quem quer vir para o Brasil. Para
Jorge Guimarães, presidente da Capes, as universidades americanas e
europeias estão inchadas. Aqui, segundo ele, um docente vindo de fora pode
conseguir boa posição até em cargos de chefia.
Guimarães é um defensores da internacionalização do ensino superior. Tanto
que o tema compõe um dos capítulos do próximo PNPG (Plano Nacional de
Pós-Graduação), que guiará as políticas na área até 2020.
A estratégia para melhorar a qualidade acadêmica envolve atrair de volta
ao país profissionais radicados no exterior. As últimas cinco contratações
de professores feitas pela EPGE (FGV/ Rio) foram no exterior -dois
estrangeiros e três brasileiros.
A de maior peso foi Marcelo Moreira, então professor titular da
Universidade de Columbia, nos EUA. Para ele, o desejo pessoal de voltar
contribuiu para aceitar o convite. Mas o fato das faculdades estarem
investindo em melhorar a pesquisa também.
BUROCRACIA
Na universidade pública, disputar um professor de alto nível no mercado,
oferecendo salário e condições de trabalho específicas, é inviável.
Isso, na opinião de Marco Antônio Zago, pró-reitor de pesquisa da USP, não
é necessariamente um problema. "A USP não seria uma universidade melhor se
contratasse um Nobel", analisa.
Mas a importância que o tema ganhou recentemente também levou a USP a
criar uma vice-reitoria de relações internacionais, com foco na
internacionalização.
No final da semana passada, a Unesco realizou, em Buenos Aires, encontro
entre redes universitárias da América Latina e Caribe. Estavam presentes
representantes de todos os países da região, reunidos em 67 instituições
públicas e privadas.
O objetivo principal do evento era iniciar o debate sobre como facilitar a
internacionalização do ensino superior, afim de manter no continente os
cérebros de professores e alunos.
Trazer e levar estudantes e professores para além de suas fronteiras tem
uma vantagem adicional: o aumento da produção científica interpaíses e de
seu consequente impacto internacional.
Ou seja: quanto mais internacionalizada, mais as universidades sobem nos
rankings globais. (Colaboraram LUCAS FERRAZ e MARINA MESQUITA)
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